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Alma Apegada a Deus

As Escrituras nos afirmam que somos o templo ou a morada do Espírito Santo. O templo é um lugar de encontro, onde o homem encontra Deus. Dentro de nós, na interioridade e na intimidade de nossa alma Deus se encontra.


O Deus vivo e verdadeiro se faz acessível através de seu amor pelos homens. Assim, tornar-se possível esta união da alma do pecador com o Espírito de Deus, uma verdade que se dá no íntimo, na dimensão do vinculo e do encontro. União não é fusão ou confusão. Não é panteísta, pois embora um comigo Deus continue Deus o Todo Poderoso.


Apesar de nos tornarmos da comunhão profunda com Deus, que nos "um" com ele, continuamos indivíduos, não somos absorvidos, mas entre eu e Deus continua havendo uma relação eu/tu, pessoa a pessoa. O teste sublime desta unidade é que quanto mais eu sou um com Deus, mas eu posso ser eu mesmo.


A espiritualidade cristã implica na alma apegada a Deus, isto é passa do discurso lógico e racional para o discurso afetivo, o discurso do coração. Implica em entrega, em vulnerabilidade, em abandono na presença do Deus vivo. Carlos Hernandez nos ensina acerca de Maria como exemplo de fé. Quando ela diz: "aqui está a serva do Senhor, que assim se cumpra em mim conforme a tua palavra" (Lc 1.38), ela literalmente está dizendo: "eis aqui o meu útero, assim se cumpra em mim conforme a tua palavra". Nesta vulnerabilidade, neste abandono nas mãos de Deus, Maria se entrega e se e se deixa "envolver pela sombra do Altíssimo” (Lc 1.34). Através desta presença fertilizadora de Deus Maria se torna grávida de Jesus o Salvador de todos os homens.


Uma alma apegada a Deus significa esta disponibilidade, esta vulnerabilidade e abandono, para que a presença fertilizadora de Deus nos envolva e nos torne grávidos de "boas obras, as quais ele de antemão preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10).

No sermão da montanha Jesus nos fala de três hábitos religiosos que estão em prática através dos séculos nas mais variadas religiões: dar esmolas, orar e jejuar (Mt 6).


Jesus não diz "você deve orar", mas "quando, pois fizeres", não é uma obrigação, mas uma escolha do coração, uma escolha de um tempo para estar com ele na intimidade. Somos livres para orar, mas se escolhermos orar então Jesus Cristo tem um conselho para nós. Ele diz para entrarmos no nosso quarto, fecharmos a porta, tomarmos todas as providências para que ninguém nos surpreenda, e então orarmos.


O secreto não é uma dimensão externa, de um lugar, mas também uma dimensão interna, no íntimo do coração, um refúgio. O Salmo 51.6 nos diz: "Eis que te comprazes na verdade no íntimo, e no recôndito me fazes conhecer a sabedoria". Dentro de nós, uma dimensão fora do plano do racional pragmático, um tempo de silencio, de recolhimento e solitude diante de Deus.


A verdadeira oração, conforme o conselho de Jesus Cristo é secreta, isto a eficiência espiritual se dá no íntimo da alma a partir de uma realidade que ninguém vê, ninguém conhece. Isto quer dizer que não pode se tornar uma técnica, não se pode aprender, não se pode ensinar. Trata-se de uma realidade íntima, que não vemos, não tocamos. Não podemos fazer cópia, comercializar, ganhar dar, pegar, tomar. Para descobrir basta entrar no quarto, fechar a porta, entrar no secreto...


Temos medo de estar sós. Daí os muitos ruídos, as multidões, as torrentes de palavras e pensamentos. Rádios e televisões ligados vinte e quatro horas por dia. Entrar no secreto significa entrar no silencio e na quietude. O secreto não é um lugar, mas um estado de consciência. No secreto não estamos sozinhos, aí nossa alma encontra o Deus vivo e verdadeiro.


Mas certamente podemos nos perguntar sobre a vida pública, o ministério, a salvação do mundo. Então nos lembraremos de outros textos sobre espiritualidade, em especial os relacionados com dois verbos importantes na vida cristã: edificar e dar frutos. Primeiramente Jesus nos ensina sobre as casas construídas na rocha e na areia (Mt 7.24-27). As casas nos mostram os dois aspectos da vida cristã: externamente a casa, aquilo que se vê, e o internamente os alicerces, aquilo que não se vê. O importante diz Jesus são os alicerces, que estão cobertos, não são vistos, estão na escuridão e nas profundezas, aí está a idéia do secreto.


Temos a mesma ideia na expressão "dar frutos" (Jo 15.16,). Sabemos da importância dos frutos na vida cristã: fruto de arrependimento, fruto do Espírito, fruto de boas obras. O mais importante de uma árvore é a raiz, ela pode até mesmo ter um tronco magnífico e folhas viçosas, mas se a raiz estiver afetada a arvore vai morrer, ou então os seus frutos não serão consistentes. A raiz precisa estar coberta, no escuro, nas profundezas, e então quando são saudáveis, quando se alimentam da seiva viva e bebem nos mananciais de águas puras, então não precisamos nos preocupar com os frutos, eles certamente virão.


A metáfora que Jesus Cristo utiliza “pelos seus frutos os conhecereis" Mt 7.16 se aplica a toda igreja, a cada igreja, a cada denominação, a cada pessoa.

 
 
 

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