O Caminho para a Oração
- Osmar Ludovico

- 12 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Oramos diante do Deus Altíssimo, no Santo dos Santos onde estamos desnudos.
Para entrar diante desta Santa Presença nos preparamos com temor e tremor. O temor não é medo que afasta, mas uma profunda reverência e admiração. Uma sensação de finitude e necessidade de cura invade nossa alma e caímos de joelhos diante dele. Estamos completamente vulneráveis e a mercê do Senhor do Universo, porém não sentimos medo. Perdemos todo o controle, não conseguimos explicar, simplesmente sabemos que somos amados por ele.
Deus habita o nosso coração, então se trata de busca-lo dentro de nós e não fora. É no silencio e na solitude que, ao descer ao nosso coração, encontramos toda sorte de agitação e dispersão.
O primeiro passo é tomar consciência do fluxo de pensamentos que surgem, pensamentos preocupados, fúteis, fantasiosos. É importante acolhê-los, afinal eles revelam muito de nós. O quanto somos ausentes de nós mesmos, pois fugimos das angustias que habitam a nossa alma. Por esta razão nos tornamos ativistas e a nossa vida de oração emerge mais da nossa ansiedade do que da saudade de Deus. Tomar consciência das nossas dificuldades em lidar com elas nos torna mais saudáveis.
O salmista não somente ora, mas ele conversa com sua alma. “Volta ó minha alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo”. “Eu fiz calar e sossegar a minha alma.” (Salmos 116.7 e 131.2)
É na quietude interior que discernimos outra presença, o Espírito Santo, que, como um maestro de orquestra, rege nossos pensamentos, e extrai sons melodiosos de tantos instrumentos diferentes. Assim que vai sendo cumprida em nós a palavra que diz: “tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, se alguma virtude e louvor há, seja isto que ocupe o vosso pensamento”. (Filipenses 4.8)
Entramos na presença do Pai, pela mediação do Filho e sob a direção do Espírito Santo. Isto é, desejosos da companhia de Deus e, como pecadores, quebrantados diante da cruz e na dependência do Espírito. O caminho até a presença de Deus é pavimentado pelo sacrifício de Cristo pelos nossos pecados, é o que nos diz Hebreus 10.19: “Tendo, pois, irmãos intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus”.
O ressentimento e a amargura também nos impedem de orar, pois o Mestre nos diz que antes de trazer a oferta ao altar urge perdoar aqueles que nos causaram mal. (Mateus 5.23-24)
Estamos quietos no nosso quarto secreto nos preparando para orar e esta quietude e preparação já nos transforma, em pessoas que perdoam e amam seus inimigos. É este o objetivo da oração, sermos transformados e não simplesmente obter coisas ou dizer como Deus deve cuidar de nós, promovendo nossa felicidade e evitando o sofrimento.
Percorremos um caminho, nos preparamos para estarmos diante de Deus, o Deus vivo que nos acolhe e que se revela com amor e misericórdia. O que dizer perante a face de Deus? Ali diante daquele que sabe tudo de nós e nos ama de forma incondicional, imerecida e irretribuível, ficamos sem palavras e o Espírito Santo pode orar em nós com gemidos inexprimíveis. (Romanos 8.26)
Para mim estes gemidos são suspiros de alguém que não sabe o que dizer quando finalmente encontra um amor perfeito e a razão para viver.
O salmista nos ajuda poeticamente a descrever o que acontece conosco neste momento inexplicável e irreproduzível. “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde acolhe os seus filhotes; eu os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Bem aventurados, Senhor, os que habitam em tua casa: louvam-te perpetuamente.” (Salmo 84.1-4)
Bem aventurados não quer dizer simplesmente feliz, no original significa: em marcha, à caminho.
Oração não é um evento, é um estilo de vida, e assim compreendemos a palavra que nos incita a “orar sem cessar” (I Tessalonicenses 5.17)


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