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A Árvore das Práticas Contemplativas

A vida contemplativa não é uma vida em suspensão, inativa, intocada pelas irritações da realidade, das injustiças do mundo e da produtividade do trabalho. A vida contemplativa precisa ser compreendida em todo seu espectro, que abarca todos os ramos de uma vida humana (biopsicossocial e espiritual). Para ajudar a compreender essas dimensões, trouxemos aqui a Árvore das Práticas Contemplativas.

O Center for Contemplative Mind in Society, foi criado nos anos 1990 por diversos acadêmicos em diferentes áreas do saber para estudar a mente contemplativa, as práticas que modelam essa mente e seus efeitos na sociedade. O centro encerrou suas atividades em setembro desse ano, depois de quase trinta anos de trabalho. Mas, deixou um legado.

Um desses legados foi uma representação visual do universo de práticas contemplativas que há pelo mundo, em diversas culturas. A Árvore das Práticas Contemplativas é o resultado de uma pesquisa longa, publicada em 2004, que entrevistou dezenas de "contemplativos". O relatório foi chamado "Um Silêncio Poderoso: O Papel da Meditação e Outras Práticas Contemplativas na Vida e Trabalho dos Americanos". Cujas principais descobertas são:

  • O uso de práticas contemplativas estava em ascensão, passando a ser promovido e oferecido em ambientes da saúde, por empresas e instituições de ensino;

  • Os efeitos benéficos das práticas não estão confinados a retiros e experiências pontuais, mas se estendem para a vida cotidiana de quem pratica;

  • Os praticantes que trouxeram as práticas para suas organizações (32% dos entrevistados), notaram o surgimento de outras formas de organização;

  • Mais da metade dos entrevistados estavam engajados em causas sociais, o que confirma a tradição de que as mudanças sociais costumam vir de movimentos da espiritualidade. As estratégias que buscam promover mudança social por meio da contemplação podem ser resumidas nas três seguintes:

    • Infusão Contemplativa (aplicar as práticas em ambientes de atividade);

    • Alavancar a Liderança (apresentar as práticas a pessoas em posição de decisão);

    • Práticas Contemplativas Socialmente Transformativas (grupos de reflexão que engajam a comunidade na resolução de problemas).

  • Alcançar as pessoas a partir de seus contextos imediatos, traduzindo as práticas contemplativas para ambientes seculares; as estratégias para essa aplicação podem ser resumidas nas três seguintes:

    • Uso clínico e pontual para relaxamento, concentração e descompressão;

    • Uso como porta de entrada para aprofundar a compreensão pessoal e possibilitar mudanças;

    • Uso intencional com o objetivo de alcançar transformação pessoal ou social.

A Árvore, que reproduzimos aqui, foi criada para facilitar a visualização de uma lista enorme de práticas levantadas pela pesquisa, agrupadas em ramos mais genéricos. Há práticas mais espirituais e outras mais seculares. Mas, a representação dá uma ideia de como a vida contemplativa se propõe a florescer de forma ampla, envolvendo relacionamentos, ativismo, movimentos, criatividade, assim como a quietude e rituais. Então, a vida contemplativa não é uma inatividade desconectada do chão da vida. Ao contrário, o mais importante, segundo a autora, são as raízes - e que muitas vezes são negligenciadas. As raízes são padrões que os pesquisadores identificaram em todos os entrevistados - o que estava sempre por trás das práticas era o valor da conexão ou comunhão com algo ou alguém maior do que si mesmo, e também o valor da tomada de consciência sobre si.



Então temos essas duas raízes, que caminham em direção ao subterrâneo, escondidas dos olhos. É nessa base que se firma a prática contemplativa, que vai se abrir para receber, na luz do sol, sua força e sua transformação. Por um lado, a comunhão ou a conexão com algo ou alguém maior que você mesmo. Por outro lado, a consciência de si, da sabedoria que fala dentro de você, dos hábitos e recursos que há em você.

A árvore não pretende ser definitiva, é apenas um resumo. A própria autora sugeriu, mais recentemente, que deveria ser incluído na árvore o uso consciente dos celulares e das redes sociais. Mas, ali vemos práticas religiosas e seculares com as quais podemos nos inspirar a entrar em conexão com nosso Ser Superior, e tomar consciência de nós e dos nossos recursos para florescer em todos os ramos da nossa vida.


Sinta-se à vontade para reproduzir a imagem da Árvore das Práticas Contemplativas em sua integralidade.

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